quinta-feira, 9 de abril de 2009

Angústias do Capitalismo

Mais notícias sobre as angústias do capitalismo
EU lia hoje os telexes de 11 de março. Continuavam chovendo informações sobre a crise econômica internacional.
Desta vez falou o Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, conhecido economista, muito citado pela imprensa e os círculos acadêmicos. A agência de notícias francesa AFP, fala de sua declaração de ontem na cidade de São Paulo, Brasil.
"O pacote estadunidense de resgate econômico do presidente Barack Obama de mais de US$700 bilhões é ‘muito melhor do que a resposta de Bush em 2008’, porém ‘não é suficiente e a crise será pior’.
"Devemos ver as coisas em perspectiva. (O presidente George W.) Bush estava paralisado e as coisas pioravam cada dia sem que nada fizesse.
"Lembrou que ‘muitos países emergentes se converteram em vítimas inocentes da crise. A ironia é que enquanto o governo estadunidense dava lições sobre regras e instituições nos países emergentes, suas políticas eram um fracasso total’.
"Por causa disso, a crise hoje é severa no mundo todo e países como o Brasil vão sofrer a sério, sublinhou Stiglitz ao jornal que o consultou sobre a queda de 3,6% da economia brasileira no quarto trimestre do ano passado, a mais forte desde igual período de 1996, e divulgada na terça-feira.
"Além disso, alertou que apesar de que ‘existe um acordo global de não recorrer ao protecionismo’ muitos pacotes de auxílio ‘têm medidas protecionistas em sua base e os que mais sofrerão serão os países em desenvolvimento'.
A agência Reuters, informa que "Severstal, a maior siderúrgica da Rússia, anunciou quarta-feira, que tenciona eliminar entre 9 mil e 9.500 empregos nas aciarias de seu país, em resposta à fraca procura mundial, e que também faria despedimentos em suas minas de carvão e mineral de ferro.
"As siderúrgicas russas se juntaram a suas rivais de outros países no recorte de sua produção durante o quarto trimestre, ainda que até agora tivessem evitado as demissões maciças devido à natureza politicamente sensível de tal medida.
"Também se planejam reduções adicionais de empregos em suas jazidas de carvão e de mineral de ferro na Rússia’, disse Mordashov.
"Severstal diminuiu sua produção em várias plantas da Rússia, Itália e dos Estados Unidos durante os últimos meses, devido à queda na procura de aço. Em fevereiro, informou que a produção de aço cru, no quarto trimestre, caiu 48% relativamente ao período anterior.
Essa própria agência, em um telex procedente de Dar-es-Salaam, publica que:
"’A China pode guiar o mundo fora da crise econômica graças a suas saudáveis reservas internacionais, seu grande superávit comercial e seus investimentos maciços ao redor do mundo’, disse um assessor do secretário-geral das Nações Unidas.
"A China, por enquanto, tem suportado a turbulência econômica melhor do que a Europa ou os Estados Unidos, embora a queda das duas últimas economias prejudicasse muito seu setor exportador, provocando fechamentos de fábricas e perda de empregos.
"’Espero que a China possa guiar o mundo fora desta crise primeiro’, expressou Jeffrey Sachs, assessor do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em uma entrevista com Reuters na tarde da terça-feira.
"Eles não tinham uma borbulha tão grande como nos Estados Unidos ou na Europa. A China tem grandes quantidades de reservas de divisas, um grande superávit comercial, muito investimento. A China tem os meios para iniciar primeiro a recuperação. Se isso tiver êxito neste ano, então se estenderia para outras economias.
"A China, a terceira economia mundial, usualmente maneja um superávit de conta corrente, com vastas exportações e importações relativamente limitadas.
"A informação econômica publicada na quarta-feira mostrou que as exportações chinesas cambalearam em fevereiro devido a que o país sentiu todo o impacto da crise financeira global, mas a despesa de capital se acelerou com a ajuda do pacote de estímulo maciço do governo.
"O país possui cerca de 2 trilhões em reservas de divisas. Seu atual superávit de conta corrente atingiu os US$440 bilhões para o final de 2008, até 20% sobre o do ano anterior, segundo as estatísticas oficiais.
"A ONU já disse que seriam necessários US$72 bilhões para ajudar a África, uma fração daquilo que os governos da Europa e dos Estados Unidos colocaram para ressuscitar suas economias".
Para os países do Terceiro Mundo não vem esperança alguma nem de Nova Iorque nem de Washington.

Fidel Castro Ruz
12 de março de 2009 10h14

Reflexões de Fidel

REFLEXÕES DE FIDEL
Transcrita do site: www.granma.cu

Por que Cuba é excluída?
Ontem, 3 de abril, ao meio-dia, tive um encontro de quase duas horas com Daniel Ortega e sua esposa, Rosario Murillo.
Como já tinha explicado numa carta enviada à tarde, a Daniel, fiquei gratamente impressionado com o encontro. Agradeci-lhe a oportunidade que tive de saber detalhes de sua luta na Nicarágua.
Expressei-lhe minha tristeza pelos dirigentes que falharam e lembrei-me de Tomás Borge, Bayardo, Jaime Wheelock, Miguel D’Escoto e mais outros que se mantiveram fiéis aos sonhos de Sandino e às idéias revolucionárias que a Frente Sandinista levou à Nicarágua.
Roguei-lhe que me enviasse notícias com a maior freqüência possível para saber das vicissitudes de um pequeno país do Terceiro Mundo diante das ambições insaciáveis do G-7.
Enviei a Rosário um exemplar do livro Geologia de Cuba para todos, que recebi há três dias, uma maravilhosa biografia da natureza da nossa ilha através de centenas de milhões de anos, ilustrado com belas imagens e fotografias, escrito por 12 cientistas cubanos, que com suas narrações e análises, constitui uma joia literária. Mostrei-o a ela e interessou-lhe muito.
Conversei longamente com Daniel sobre a "famosa" Cúpula das Américas que terá lugar nos dias 17,18 e 19, em Porto Espanha, capital de Trinidad e Tobago.
Essas cúpulas têm sua história, com certeza, tenebrosa demais. A primeira foi realizada em Miami, capital da contrarrevolução, do bloqueio e da guerra suja contra Cuba. Essa cúpula efetuou-se nos dias 9, 10 e 11 de dezembro de 1994. Foi convocada por Bill Clinton, eleito presidente dos Estados Unidos em novembro de 1992.
A URSS tinha-se desintegrado e nosso país encontrava-se em meio ao período especial. Pensavam que se desintegraria o socialismo em nossa pátria, como aconteceu no Leste europeu primeiro e depois na própria União Soviética.
Os contra-revolucionários preparavam suas malas para voltarem vitoriosos a Cuba. Bush pai tinha perdido as eleições, como conseqüência, sobretudo, da aventura bélica no Iraque. Clinton preparava-se para a era pós-Cuba revolucionária na América Latina. O Consenso de Washington tinha plena vigência.
A guerra suja contra Cuba estava quase a terminar com sucesso. A Guerra Fria terminava com a vitória do Ocidente e começava uma nova era para o mundo.
Em 1994, os presidentes da América do Sul e Central, animados pelo convite de Clinton, assistiram com muito entusiasmo à Cúpula de Miami.
O presidente da Argentina, Carlos Ménem, encabeçava a lista de presidentes sul-americanos que participariam da cúpula, seguidos por Lacalle, o vizinho direitista do Uruguai; por Eduardo Frei, da Democracia Cristã do Chile; pelo boliviano Sánchez de Lozada; por Fujimori, do Peru, e por Rafael Caldera, da Venezuela. Não era nada incomum que motivassem a presença de Itamar Franco e Fernando Enrique Cardoso, seu sucessor na presidência; Samper, da Colômbia; e Sixto Durán, do Equador.
A lista de representantes da América Central na Cúpula de Miami esteve liderada por Calderón Sol, da Arena em El Salvador, e por Violeta Chamorro que, em virtude da guerra suja antissandinista, foi imposta na Nicarágua por Reagan e Bush pai.
Na Cúpula de Miami, o México esteve representado por Ernesto Zedillo.
Por trás da mesma havia um objetivo estratégico: o sonho imperialista de um acordo de livre comércio, do Canadá à Patagônia.
Hugo Chávez, presidente da República Bolivariana da Venezuela, ainda não tinha aparecido nas cúpulas até a de 2001, em Québec. Também não George W. Bush com seu tenebroso papel na arena internacional.
O nosso Herói Nacional, José Martí, conheceu a primeira grande crise econômica do capitalismo nos Estados Unidos, que durou até 1893. Compreendia que a união econômica com os Estados Unidos significaria o fim da independência e da cultura dos povos da América Latina.
Em maio de 1888, o presidente dos Estados Unidos encaminhou aos povos da América e do Reino de Havaí, no Pacífico, um convite do Senado e da Câmara dos Representante desse país para participar de uma conferência internacional em Washington a fim de discutir, entre outras questões, "a adoção por parte de cada um dos governos de uma moeda comum de prata, que fosse usada obrigatoriamente nas transações comerciais recíprocas dos cidadãos de todos os Estados da América".
Sem dúvida, os membros do Congresso tiveram que estudar bem as conseqüências daquelas medidas.
Quase dois anos depois, a Conferência Internacional Americana, da qual os Estados Unidos faziam parte, recomendou que se estabelecesse uma união monetária internacional e que, como base desta união, fossem cunhadas uma ou mais moedas que pudessem ser usadas nos países representados.
Finalmente, após um mês de prorrogação, segundo conta o próprio Martí, na Comissão Monetária Internacional, a delegação dos Estados Unidos declarou, em março de 1891, que "era um sonho fascinante que não podia ser intentado sem a aceitação dos outros países do mundo". Também recomendou usar ouro e prata nas moedas que fossem cunhadas.
Era uma premonição do que aconteceu 55 anos depois, quando em Bretton Woods lhe concederam o privilégio de emitir em papel moeda a divisa internacional, usar o ouro e a prata.
Contudo, aquele fato deu lugar a que Martí fizesse a análise política e econômica mais impressionante que li na minha vida, publicada na Revista Ilustrada de Nova York, no mês de maio de 1891, na qual se opôs resolutamente à ideia.
Durante o encontro com Daniel, ele me entregou um grande número de parágrafos que são discutidos sobre a declaração final da próxima cúpula em Porto Espanha.
A OEA, como secretária permanente da Cúpula das Américas, é quem decide o que fazer: esse é o papel que lhe conferiu Bush. Contém 100 parágrafos, parece que a instituição gosta dos números redondos para enfeitar e outorgar maior força ao documento. Uma epígrafe em cada uma das 100 melhores poesias da bela língua.
Havia certamente grande número de conceitos inadmissíveis. Será uma prova a fogo para os povos do Caribe e da América Latina. Será por acaso um retrocesso? Bloqueio e, aliás, exclusão depois de 50 anos de resistência?
Quem arvará com tais responsabilidades? Quem está exigindo agora nossa exclusão? Será que não compreendem que os tempos dos acordos excludentes contra nosso povo ficaram bem atrás? Haverá importantes reservas nessa declaração assinada por chefes de Estado para que se possa compreender que, apesar das mudanças conseguidas em duras discussões, existem ideias que para eles são inaceitáveis.
Nas novas circunstâncias, Cuba sempre mostrou sua disposição a cooperar ao máximo com as atividades diplomáticas dos países da América Latina e do Caribe. Os que devem sabem muito bem disso, mas não se pode pedir guardar silêncio diante de concessões desnecessárias e inadmissíveis.
Até as pedras falarão!
Fidel Castro Ruz4 de abril de 200917h34 •
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REFLEXÕES DO FIDEL

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A cada seis segundos uma criança morre de FOME
• NAÇõeS UNIDAS. — A cada seis segundos uma criança em algum lugar do mundo morre de desnutrição, informou o relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Olivier De Schutter, no tema do direito à alimentação.
Numa sessão da Assembleia Geral da ONU, o funcionário também disse que há 1 bilhão de pessoas famintas no planeta, a maioria delas mulheres e crianças, e que a dimensão da crise alimentar global está longe de ter diminuído neste ano.
"Pelo contrário, a alta excessiva dos preços e os eventos relacionados com o clima inevitavelmente agravarão a situação em 2009, com os pobres como os maiores afetados", disse De Schutter.
As razões da FOME mundial, indicou o especialista, são marginalização, pobreza, falta de terra e de empregos decentes, além do injusto sistema de comércio internacional que originou uma diminuição nos investimentos em projetos agrícolas durante os últimos 30 anos.
O relator propôs projetar de novo o comércio internacional com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico, assim como avaliar o potencial de diferentes modelos de desenvolvimento agrícola orientados a alimentar as populações mais vulneráveis.
Da mesma maneira, De Schutter urgiu a aplicar os incentivos e regulamentos necessários para assegurar que as companhias agroindustriais multinacionais contribuam ao desenvolvimento dos países que lhes servem como fonte de recursos. (Notimex) •