quinta-feira, 6 de março de 2008

História - Saiba um pouco a respeito.


FARC: 40 anos de História


Direto das selvas da Colômbia, correspondente brasileiro analisa a insurgência mais antiga da América. Por Yuri Martins Fontes, para a revista Reportagem


Após a grande crise de 1929, pela primeira vez o mundo passou a enxergar de outro modo o liberalismo ortodoxo, doutrina capitalista que vigorava inabalável desde o século XIX. Começou a se cogitar, a partir de então, a intervenção do Estado na economia, de forma a minimizar as conseqüências da grande quebra iniciada nos Estados Unidos. Eram necessárias atitudes urgentes que pudessem responder aos interesses das fragilizadas burguesias nacionais dos países dependentes.


Na América Latina, grandes representantes deste giro histórico foram Cárdenas, no México, Perón, na Argentina e Vargas, no Brasil. A nacionalização do petróleo e o investimento industrial foram importantes pautas deste amplo movimento. Na Colômbia, entretanto, o grande poder da ala conservadora, alinhada com o expansionismo estadunidense, impediu que reformas progressistas tivessem lugar.


Em 1948, a situação de ingerência externa por parte de multinacionais chega a tal ponto, que os ditos "liberais", aliados aos pequenos grupos socialistas de então, iniciam uma guerra civil contra o governo conservador. As primeiras etapas deste conflito armado podem ser conhecidas através do realismo fantástico da grande obra de Gabriel García Marques "Cem Anos de Solidão".


Após 16 anos de luta guerrilheira e a conquista de algumas reivindicações políticas, os liberais tentam frear os avanços políticos, ao perceber o avanço das forças aliadas socialistas que se acelerava além do esperado sob a influência do triunfo revolucionário cubano. Traem, então, o acordo com as esquerdas, passando para o lado conservador.


Em 27 de maio de 1964, dezenas de milhares de soldados são enviados para o povoado de Marquetália para reprimir 48 camponeses comunistas rebelados, que fogem para as selvas e montanhas. Esta data é tida como a fundação da maior e mais antiga guerrilha da América, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Em 40 anos, aquela meia centena de revoltosos comandados por Manuel Marulanda – o histórico líder máximo conhecido como Tiro Certo – se transformou em um grupo político armado com quase 30 mil homens, divididos em 60 frentes guerrilheiras e agindo em todo o território nacional.

Em julho do mesmo ano, é realizada uma assembléia de guerrilheiros, em que se define um programa agrário que daria a primeira bandeira para os revolucionários, que deixam de ser apenas combatentes camponeses para pregar, sob uma visão mais ampla, a luta pelo poder
político para todo o povo.

Neste contexto de repressão total, ainda em 1964 surgem outros grupos revolucionários com distintas formas de organização e diferentes concepções ideológicas, como o Exército de Libertação Nacional (ELN), de orientação guevarista, e o Exército Popular de Libertação (EPL), com origem nas concepções da Revolução Chinesa.

É também desta época o aparecimento de bandos oriundos da desestruturação das guerrilhas liberais, que já sem razão para existir e lutar passam a praticar a pilhagem da população civil. Algum tempo depois, estas quadrilhas são recrutadas por poderosos coronéis latifundiários da região, dando início aos primeiros grupos paramilitares. Os chamados "paracos" atualmente prestam serviços também às corporações multinacionais e aos cartéis do narcotráfico.

Desde há alguns anos atrás, com a intervenção estadunidense batizada de Plano Colômbia, as possibilidades de paz no país se tornaram muito distantes. Após várias tentativas de negociações por parte do anterior governo liberal de Pastrana, o atual presidente Uribe, ligado às elites agrárias e íntimo aliado do grande Império do Norte, busca no confronto sangrento a solução para exterminar os grupos revolucionários comunistas, sem atentar à triste realidade social do país, com mais de 60% da população afundada na pobreza. Cartazes espalhados pelo país explicitam o trágico vivido: "Plan Colombia, los gringos ponen las armas, Colombia pone los muertos".

O interior da nação andina é hoje uma terra sem lei, onde predomina o medo e o mistério. Freqüentemente, milícias paramilitares efetuam emboscadas e genocídios em estradas e povoados rurais. E apesar da violência destes grupos fascistas, ao fim de 2003, Uribe fechou um acordo bastante suspeito, de rendição e anistia, com o maior grupo paramilitar do país, as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), que possui cerca de 5.000 mercenários. Segundo informações que obtive no boca a boca entre o povo, os soldados deste grupo são os mesmos do exército, disfarçados apenas por um broche com a insígnia da AUC.
Sequer mudam de uniforme. Desta forma, o governo fica mais à vontade para executar tarefas pouco populares – como o massacre de povoados inteiros e a eliminação de supostos "amigos" dos guerrilheiros.

O recente acordo de anistia total aos paramilitares parece referendar não apenas esta estranha ligação com o exército regular, mas também as acusações que ligam Uribe diretamente ao comando destes mercenários de extrema direita.

Ao que parece, com o forte apoio econômico-militar estadunidense e a propaganda massiva – que classificam as FARC como partícipes do dito "eixo do mal" perante à simplória opinião pública – as táticas de guerra puderam ficar mais abertas e agressivas.
Além das dificuldades impostas pelo terror paramilitar e de Estado, àquele que se queira conhecer de perto a situação na Colômbia, há também o problema dos bandoleiros, quadrilhas armadas que se aproveitam do conflito generalizado para efetuar assaltos nas ermas estradas do país. Isto tudo dificulta o deslocamento, a estadia e a conseqüente obtenção de notícias acerca da realidade atual colombiana.
Ainda que possamos conhecer algo através dos jornais, em geral as informações que nos chegam são parciais e superficiais, já que estão comprometidas ideologicamente com os detentores do grande capital do país – como se passa em geral com a grande imprensa suja. Desta forma, não lhes é interessante de tratar dos motivos que levam um povo à insurgência. Esta mesma desinformação leviana pode ser observada nos noticiários acerca de quaisquer conflitos subversivos, tais como o MST ou o EZLN.

Após o ataque às Torres Gêmeas, o mundo foi ainda mais polarizado. Qualquer contestação ao regime fundamentalista neoliberal passou a ser vista como grave afronta. Classificando a subversão de terrorismo, ficou mais fácil vender a imagem do "bom colonizador" que bombardeia, invade e assassina em nome do deus "correto".


O fracassado Plano Colômbia, posto em prática em nome da suposta erradicação do plantio de coca, ganhou seu substituto moderno, o Plano Patriota. Na prática, o plano é semelhante ao anterior, agora reforçado com alguns bilhões de dólares a mais. Consiste em uma intervenção militar ostensiva em pleno coração da Amazônia sul-americana, com claros fins políticos, econômicos e territoriais. A região é abastada em água potável, petróleo, minérios preciosos e grande biodiversidade, entre outras riquezas.


O governo oficial é apoiado pelos EUA com armas, dinheiro, helicópteros, treinamento militar e até mesmo com o despejo de substâncias químicas nas selvas do país, regiões onde se ocultam os guerrilheiros. Já circulam pela internete fotos de camponeses deformados atingidos pelos venenos das fumigações. Vale dizer que estes rios contaminados nascem nos Andes e vêm desaguar na Amazônia brasileira. Deste modo, uma catástrofe ecológica já pode ser prevista em curto prazo, caso não se enfrente diretamente o uso de armas químicas por parte do grande irmão.


De outro lado, as FARC se defendem e não deixam de fustigar o inimigo. Apesar do megainvestimento estadunidense, no ano de 2003 houve uma média de 12 combates por dia, onde morreram mais de 5.000 militares, policiais e paramilitares, enquanto as baixas da guerrilha somaram cerca de 700 homens, entre guerrilheiros e milicianos civis apoiadores, segundo dados de organizações não-governamentais.


As FARC, além do grupo guerrilheiro armado, são compostas por mais três grupos. Uma milícia civil armada apóia os insurgentes em ações secretas de inteligência, no interior do país. Nas capitais as ações revolucionárias de guerra estão por conta do Partido Comunista Clandestino Colombiano. E nos mais diversos rincões do país existem os grupos de simpatizantes, civis desarmados e idealistas que apóiam o abastecimento alimentício, por exemplo.


Grande parte dos guerrilheiros farianos é composta de camponeses pobres cuja miséria lhes levou às fileiras rebeldes. Lá aprenderam a ler e a lutar.
Outros, com mais formação, vêem nas FARC a única chance de mudanças políticas no país. Estes preparam-se para os cargos de comando, estudando tanto a Política, como a Psicologia e a Economia. Inclusive, fator de grandes elucubrações atualmente, é o financiamento das FARC. Segundo as palavras do próprio Comandante do Secretariado Geral das FARC, Raúl Reyes:
"as FARC são um exército do povo que se nutre da economia do país, que é o petróleo, o café, as esmeraldas, o gado, o algodão, a coca e a papoula. Assim as FARC cobram um imposto àqueles capitalistas que tenham mais de um milhão de dólares, independentemente da proveniência de seus capitais. Não perguntamos ao empresário das transportadoras se seus caminhões foram comprados com dinheiro do narcotráfico. As FARC não têm cultivos, não negociam com narcóticos, não vendem favores aos narcotraficantes. As FARC subsistem da economia do país, apesar da campanha encabeçada pelos EUA que tem por fim desacreditar-nos, mostrar-nos não como uma organização revolucionária, mas como narcotraficantes, agora narcoterroristas.


Mas é normal que os EUA façam isso, pois são nossos inimigos e, portanto, fazem o que devem fazer".


E embora os EUA tenham cogitado a intervenção direta no território sul-americano, ainda não tiveram forças políticas para executá-la, graças talvez ao despreparo e barbáries deste atual governo. Contudo, o candidato Kerry já acenou com o perigo, afirmando em campanha que Bush "se preocupa demais com o Oriente Médio" e que "mal conhece a América Latina". Que a ignorância geográfica presidencial estadunidense perdure tanto quanto a humana.


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Coluna Prestes



LUIS CARLOS PRESTES

Luis Carlos Prestes é um dos maiores símbolos dos ideais da revolução socialista no pais. Mesmo depois de morto, Prestes continua a incomodar os donos do poder.

A historiadora Anita Leocádia Prestes, filha e colaboradora do velho comunista, frisa que é preciso resgatar as características essenciais da vida e da ação do militar que dedicou a existência à causa popular: "Ele foi um patriota, um revolucionário e um comunista", define.
Ressalta, nesse aspecto, perceber um esforço das forças conservadoras para transformar a figura de Prestes em um herói de consumo, desses em que se exalta apenas a coragem pessoal, mas cuja lembrança não inspira qualquer reflexão, pois a essência de suas lutas fica convenientemente omitida.

Existe, segundo ela, uma "estratégia da direita mundial para acabar com os mitos revolucionários da esquerda e liquidar com a memória dos heróis, dos revolucionários, daquelas figuras que lutaram por um mundo melhor e por justiça social. Interessa ao neoliberalismo eliminar a força inspiradora destes heróis, para que eles desapareçam da memória das pessoas" (revista VEJA nº 2.028 sobre Che Guevara).

Anita Prestes comenta não apenas a trajetória do pai, mas também a significação do socialismo marxista na era pós-União Soviética: "0 socialismo não acabou. Enquanto houver o capitalismo, a teoria marxista continua basicamente válida."
Analisando a trajetória política do homem que chegou a ser definido como o Cavaleiro da Esperança, a filha e historiadora mostra uma evolução na ação revolucionária dele.
"Em 1921, quando se engajou no tenentismo, sua motivação foi a de um patriota. Ele estava preocupado com a situação do Brasil com a situação do povo, com as injustiças, ainda que de forma confusa, ele queria lutar por um mundo melhor. Foi, pois, como patriota que ele ingressou no movimento tenentista. Nesse processo, e já nas atividades da Coluna entre 1924 e 1926, é que ele se transformou num revolucionário. Mas ainda não era um comunista. É este caminho revolucionário, na Coluna - quando percorre o interior do país e se depara com a terrível miséria do trabalhador brasileiro, o que o choca profundamente, que ele chega à conclusão de que os objetivos do tenentismo não vão resolver a situação do povo brasileiro. Por isso, propõe o encerramento da marcha, segue para o exílio e vai estudar, para conhecer melhor a realidade brasileira e encontrar o caminho. Aí se torna comunista",. resume Anita.

"A partir de 1928 passa por uma revisão ideológica e adere ao marxismo, ao socialismo científico, ao comunismo. Mas vai ser aceito no Partido Comunista do Brasil, como se chamava então, somente em 1934", explica.
Anita aponta a coerência política de Prestes com o testemunho de seu comportamento em relação ao movimento que liquidou a República Velha. "Em 1930, o poder lhe foi oferecido de bandeja. Ele poderia ter sido presidente da República. Seu prestígio era gigantesco, como prova a imprensa da época. Sua recusa foi um gesto que muitos não entendem até hoje. Mas ele viu que, se aceitasse participar, aconteceriam duas coisas: teria que se integrar ao sistema, aderir à politica de Getúlio Vargas e se descaracterizar, ou rebelar-se e ser liquidado, politicamente ou mesmo fisicamente. Não existiam. naquele momento, forças sociais capazes de dar respaldo a um caminho revolucionário. Ele percebeu que o movimento, que viria a se chamar Revolução de 30, não iria resolver os problemas do povo: seria uma solução pela cúpula, via interesses dominantes."

Futuro do socialismo

A historiadora condena os que, desde a dissolução da União Soviética, vêem o socialismo como uma ideologia em crise, deslocada da realidade.
"Eu acho que este pensamento se insere dentro da luta ideológica que citei. Sem dúvida, erros e até crimes muito sérios foram cometidos na construção do socialismo, na União Soviética e em alguns outros países do Leste Europeu. Isto foi bem aproveitado pelo imperialismo, palavra que hoje em dia está fora de moda, mas isso foi bem aproveitado e os agentes do imperialismo souberam utilizar as insatisfações justas que existiam na população desses países, em particular a da URSS. Isto contribuiu para a derrota atual, muito séria. Mas, na minha opinião, isto não invalida os objetivos socialistas".

"O socialismo, desde Karl Marx e Friederich Engels, tornou-se uma ciência deixou de ser uma utopia, mesmo que determinadas sociedades tenham cometido graves erros ao tentar implantá-lo. sendo até derrotadas. Isto, porém, não invalida a teoria. É preciso levar em conta que esse socialismo real, que a URSS viveu, teve uma série de características e condições que dificultaram seu desenvolvimento socialista. Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a União Soviética foi o primeiro país a experimentar o socialismo e o fez num grande isolamento: de início, 14 países imperialistas fizeram-lhe guerra e invadiram a Rússia Soviética dos primeiros anos. O país era muito atrasado economicamentee e esse ponto de partida já dificultou muito a edificação socialista. Era um socialismo com problemas muito sérios, não era a utopia da massa que se imaginava, um regime popular que seria vitorioso sobre aqueles países capitalistas mais avançados".

Ela lembra que, duas décadas depois, a Segunda Guerra Mundial iria impor um retrocesso muito grande para a URSS. 'Basta lembrar que o pais perdeu 20 milhões de pessoas, além de prejuízos materiais extensos. Toda a Rússia Européia foi praticamente destruída. Imagine a dificuldade para edificar o socialismo em meio a situações tão devastadoras", aponta.
"É preciso salientar que o socialismo não se constrói na base da miséria, do atraso, da falta de recursos."
"Essas dificuldades todas, eu acho que contribuíram para o revés do socialismo, o que eu vejo, porém, como passageiro. A propaganda da direita mundial procura fazer com que a opinião publica mundial esqueça inteiramente as conquistas reais que existiam no campo socialista e, em particular, na União Soviética."
Anita cita algumas das conquistas sociais do regime soviético: "Nenhum país capitalista, por mais adiantado que seja (mesmo os Estados Unidos), resolveu as questões sociais como o fez a União Soviética. Todo cidadão soviético, ainda que modestamente, tinha casa para morar. Podia-se morar apertado, mas com decência, e ninguém morava nas ruas. Todo mundo tinha um emprego, todo mundo tinha escola grátis para os filhos, ensino completo inteiramente gratuito, assim como também assistência médica, estendida a toda a população, além de férias para todo mundo. Quer dizer, um bem-estar generalizado, embora em níveis modestos, devido exatamente àquelas dificuldades já apontadas, provocadas por uma implantação socialista em meio à hostilidade internacional e à guerra. Mas, mesmo assim, os problemas sociais estavam resolvidos na União Soviética, o que até hoje nenhum país capitalista desenvolvido conseguiu dar à sua população."
Veja o caso de Cuba: "Apesar de todo o bloqueio e das condições naturais modestas, pois é uma ilha pequena, Cuba não tem miseráveis, ninguém passa fome, ninguém passa a situação dos miseráveis dos Estados Unidos, ou da Alemanha, ou daqui mesmo do Brasil, que vivem nessa crise gigantesca", assinala a historiadora. "Eu tenho a profunda certeza de que, se meu pai fosse vivo, manteria a convicção que sempre teve, de que o socialismo é a solução para a humanidade. Isto não quer dizer que o caminho do socialismo vá ser exatamente igual ao que se deu na URSS ou em outros países. Os caminhos serão diversificados. Os próprios erros e as experiências desse socialismo que já existiu vão ajudar outros países, futuramente, se possível, a construir sociedades com menos problemas".

"Sem dúvida uma derrota é uma derrota, é problema muito sério. Eu pessoalmente, acho que os comunistas, em âmbito internacional, nessa segunda metade do século, não conseguiram formular uma estratégia para a revolução socialista pelo menos no Ocidente, de acordo com as novas condições. Não conseguiram fazer com a teoria marxista o que Lênin conseguiu fazer no fim do século passado. Lênin inovou. Diante daquela época de imperialismo, ele inovou diante de uma nova realidade. Acho que, na nossa época isso não aconteceu. Mesmo o Partido Comunista Italiano, o mais importante do Ocidente depois da Segunda Guerra, fez várias tentativas, mas não conseguiu. Aqui na América Latina é ainda mais complicado. Quando não se conhece de forma adequada a realidade, quando não se dispõe de pesquisas suficientes para se ter uma visão mais próxima, a tendência é o mimetismo, é a de copiar. E aqui no Brasil essa sempre foi a tendência: copiar o exemplo do exterior, que vem de uma realidade diferente. E o exemplo da Revolução Soviética foi tão esmagador que a tendência era essa mesma: de copiá-la",. analisa Anita Prestes.

"Quando ocorre uma derrota a tendência é achar que tudo estava errado e perder a orientação. Isto também é humano. O socialismo está num período de crise, sem dúvida. Novos caminhos terão que ser encontrados. Mas o socialismo não acabou. Enquanto houver capitalismo, a teoria marxista basicamente continua válida. O marxismo, porém, não é um dogma. Como dizia Lênin, o marxismo tem que ser estudado, aplicado e desenvolvido. Não se trata de ficar repetindo o que Marx e Lênin disseram. Trata-se de encontrar os caminhos para o socialismo nessa realidade de hoje, que é bastante complexa e diferente, Ievando-se em conta também a especificidade de cada pais. É o que os cubanos estão procurando fazer."'

Divisão e crise

"O meu pai sempre dizia que, a partir da luta dos trabalhadores, é que surgiriam novas lideranças, que se encontrariam novos caminhos para o socialismo, para a construção de novos partidos e organizações capazes de levar adiante a luta. Eu acho que, no panorama brasileiro atual, nenhuma organização partidária é realmente revolucionária com uma proposta de mudanças e avanços. Mas acredito que acabará surgindo."
De acordo com Anita, nosso próprio processo de formação da sociedade brasileira prejudica essa evolução, a partir do movimento popular. A classe dominante brasileira sempre viu triunfarem seus esforços para impedir a organização popular. Isso levou a um crescente desanimo, a uma descrença por parte da população. No século XIX, por exemplo, quantos movimentos populares não foram esmagados? E no nosso século, no período de 1934-35, havia um entusiasmo popular enorme, e logo veio uma derrota. Depois, tivemos outro grande surto de entusiasmo nos anos 60, cortado pelo golpe militar de 1964."

Ela atribui a um fato o pouco avanço social: "Vejo o povo trabalhador altamente desorganizado. Hoje em dia temos, porém uma novidade, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, um movimento de organização elogiável. A própria participação da Igreja Católica é outro fator positivo. Mas, ao longo da história, nossa trajetória é de um movimento popular desorganizado, porque, quando tenta se organizar. vem a repressão."

"A repressão, que houve após 1964, desestruturou e amedrontou as pessoas. Vejo isto na universidade: pessoas muito insatisfeitas, mas descrentes das lideranças, desestimuladas, desinteressadas até para defender seus próprios interesses, as causas as que as afetam diretamente. Assim, é difícil que venham a levantar bandeiras por causas mais amplas."
Anita não julga irremediável esta situação. "Não é uma fatalidade que isto deva permanecer assim. Até mesmo por causa do agravamento da situação social, vai chegar o momento em que haverá uma reação. É neste processo que surgirão novas lideranças, novas formas de organização. Não existe, para o movimento social. uma espécie de receita de bolo. Por enquanto, porém, as forças de esquerda continuam divididas."

A ditadura exerceu um papel muito negativo na formação de lideranças no pais, segundo Anita. "A ditadura impediu que as pessoas pensassem, esterilizou o pensamento. Daí, o que vemos é que nas esquerdas só surgiu o Lula no final dos anos 70. As demais lideranças existentes, como Brizola e Arraes, são pré-64", afirma.
Anita Prestes lamenta também, que os jovens de hoje sejam as maiores vítimas desse tipo de situação.
"Atualmente, podemos observar na juventude um baixo interesse pela participação política. Existe um clima de desalento, de desencanto mesmo. A política é vista como sinônimo de safadeza. Cada rapaz e cada moça estão mais interessados em cuidar de sua própria carreira profissional"

Coluna Prestes

Foi um movimento político militar de origem tenentista, que entre 1925 e 1927 se deslocou pelo interior do país pregando reformas políticas e sociais e combatendo o governo do então presidente Arthur Bernardes.
Após a derrota do movimento paulista, em 1924, um grupo de combatentes recua para o interior sob o comando de Miguel Costa. No início de 1925 reúne-se no oeste do Paraná com a coluna do capitão Luís Carlos Prestes, que havia partido do Rio Grande do Sul. Sempre com as forças federais no seu encalço, a coluna de 1.500 homens entra pelo atual Mato Grosso do Sul, atravessa o país até o Maranhão, percorre parte do Nordeste, em seguida retorna a partir de Minas Gerais. Refaz parte do trajeto da ida e cruza a fronteira com a Bolívia, em fevereiro de 1927. Sem jamais ser vencida, a coluna Prestes enfrenta as tropas regulares do Exército ao lado de forças policiais dos Estados e tropas de jagunços, estimulados por promessas oficiais de anistia.

A coluna poucas vezes enfrentou grandes efetivos do governo. Em geral, eram utilizadas táticas de despistamento para confundir as tropas legalistas. Ataques de cangaceiros à Coluna também reforçam o caráter lendário da marcha, mas não há registros desses embates. Nas cidades e nos vilarejos do sertão, os rebeldes promovem comícios e divulgam manifestos contra o regime oligárquico da República Velha e, contra o autoritarismo do governo de Washington Luís, que mantém o país sob estado de sítio desde sua posse, em novembro de 1926. Os homens liderados por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa não conseguem derrubar o governo de Washington Luís. Mas, com a reputação de invencibilidade adquirida na marcha vitoriosa de 25 mil quilômetros, aumentam o prestígio político do tenentismo e reforçam suas críticas às oligarquias. Com o sucesso da marcha, a Coluna Prestes ajuda a abalar ainda mais os alicerces da República Velha e preparar a Revolução de 30. Projeta também a liderança de Luís Carlos Prestes, que, desde sua entrada no Partido Comunista Brasileiro e sua participação na Intentona Comunista de 1935, se torna uma das figuras centrais do cenário político do país nas três décadas seguintes.
" Anita Benário Prestes, além de filha de Luiz Carlos Prestes, tembém o é de Olga Benário Prestes, judia alemã, comunista e revolucionária, além de contar com a característica citada por Che Guevara: "todo revolucionário é movido por imensos laços de amor". Entregue pelo governo brasileiro, em 1942, Olga foi executada em câmara de gás, em Bernburg, na Alemanha, pelos nazistas."

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Desde que proclamou sua independência em 1776, Os EUA procuraram impor sua política e economia às demais nações do continente americano, esse domínio não se restringiu apenas à América, mas a outros continentes como a Ásia e a África, e com o mesmo objetivo imperialista: os EUA querem novos mercados...o rico Ouro Negro do Oriente Médio (Petróleo).

Em 1823, os EUA estabeleceram uma política denominada Doutrina Monroe, que pregava a independência dos países da América em possíveis intervenções européias. O verdadeiro objetivo da doutrina Monroe era o domínio sobre os demais países americanos. O lema dessa doutrina era: A América para os americanos. Na era do Presidente Theodore Roosevelt foi mais longe com seu famoso “big stick” (grande porrete). Uma política externa que dava aos Eua direito de invadir e interferir politicamente países vizinhos para manter a ordem.

Na verdade, o objetivo do "Big Stick” era evitar que os países da América Latina questionasse as decisões do governo norte americano.
A política americana prosseguiu com seu objetivo de dominar cada vez mais as nações do mundo, e explorar os países fornecedores de matéria prima, como os diamantes da África, o petróleo do Oriente Médio, e a exploração de mão de obra barata em países da América Latina e a Ásia, África para trabalhar para as multinacionais americanas.

No decorrer dos anos, o imperialismo norte americano se tornou sem limites e extremamente selvagem. Na atual administração de George Bush ele usa o lema: “O mundo para os americanos”. Isso fica claro com a posições unilaterais que o governo dos eua tomaram sem levar em conta os outros países e seus povos. Isso aconteceu com o tratado de Kyoto, a rio + 10 quando o governo norte americano afirmou que não ratificaria o protocolo de Kyoto para não prejudicar sua economia. E na rio + 10 eles nem compareceram. E outros tantos compromissos que foram desprezados. É para o bem dos americanos e sua economia.

Com essa linha de governo a administração atual está prejudicando os próprios americanos com o ódio e a intolerância dos demais povos dos países do mundo. Isso ficou evidente nos ataques terroristas de 11/09/01. Quando terroristas sauditas usaram quatro aeronaves americanas. Duas se chocaram com o World Trade Center, uma no pentágono e outra caiu em Pittsburg. Os atentados terroristas foram um pretexto que os Eua estavam esperando para se apossar da única região que eles não tem um domínio absoluto o : Oriente Médio. Os EUA tomaram a decisão de sozinhos atacar o Iraque.
Logo o Iraque que tem a segunda maior reserva petrolífera do mundo. A população iraquiana resiste bravamente aos bombardeios e ao massacre que os soldados americanos estão fazendo. Claro os iraquianos sabem, que os invasores querem colonizar seu país e escravizar seus filhos. Com o imperialismo, e tomar um bem que é deles: o petróleo.

Ainda com a guerra em andamento, os Eua mostram sua estratégia suja de reconstruir o Iraque sem ajuda da ONU, e usar o petróleo para o custo, para o custo que os próprios americanos causaram!. É absurdo como o imperialismo norte americano ficou mais agressivo. Se os civis iraquianos representam uma ameaça para seu domínio expansionista, então os americanos não têm duvidas: Matem os civis, destruam sua cultura, derrubam seu presidente atirem nas suas crianças e suas mulheres.
Mas a brutalidade do imperialismo norte americano, ficará marcada na história vergonhosa da humanidade, mesmo manipulando os fatos, a verdade será ensinada as crianças, aos adolescentes, aos adultos aos velhos. Todos são testemunhas do ato covarde do verdadeiro Império do Mal.
E o pior de tudo é poder observar diariamente inúmeras pessoas felizes e na moda, consumindo todas as marcas que lhes são ordenadas para consumir, fazendo-as sentirem-se superiores e donas de um "Status" diferenciado dos demais mortais que as circundam. E com toda autoridade, criticam o consumo de produtos e marcas nacionais, as lutas proletárias, a defesa de ideais e idéias libertadoras.
A pior de todas as armas de domínio é quando o dominador faz com que o dominado sinta prazer nisto...